Aliviar a azia: como mudanças no estilo de vida fazem a diferença

A azia é um problema comum que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, independentemente da idade. Este desconforto, que se manifesta como uma sensação de queimação no peito, tem um grande impacto na qualidade de vida dos pacientes. Para quem sofre de azia regularmente, o simples ato de comer ou deitar-se à noite pode transformar-se numa experiência desagradável e dolorosa.

 

Embora nem todas as pessoas sofram de azia a toda a hora, esta está frequentemente está associada a episódios ocasionais após refeições pesadas, picantes ou consumo excessivo de álcool e até mesmo café. No entanto, em alguns casos, a azia pode ser um sinal de refluxo gastroesofágico. Esta doença acontece quando o ácido do estômago sobe para o esófago, o que irrita a parede do esófago e pode causar complicações a longo prazo tais como esofagite ou um aumento do risco de cancro esofágico.

 

A azia não afeta apenas a saúde física – quando é prolongada, pode interferir nas atividades do dia-a-dia, diminuir a produtividade no trabalho, prejudicar a higiene do sono e até mesmo limitar a vida social. Isto leva a um aumento dos níveis de stress. No final, acaba por se tornar num ciclo vicioso, onde o stress piora os sintomas de refluxo que, por sua vez aumenta o stress e o mal-estar geral. 

 

Compreender as causas da azia e como preveni-la é essencial para melhorar a qualidade de vida de quem sofre com este sintoma. A Medicina do Estilo de Vida toma um papel holístico, através da identificação de hábitos e comportamentos que podem causar a azia e assim desenvolver estratégias de diagnóstico e tratamento deste sintoma. 

O que é a azia?

A azia é uma sensação de ardor ou queimadura, tipicamente localizada na região do peito e que pode subir até à região da garganta. Frequentemente está associada a um sabor amargo na boca ou até mesmo a tosse seca. 

 

Este sintoma acontece quando o ácido do estômago regressa para o esófago, o tubo que transporta os alimentos entre a boca e o estômago. O conteúdo ácido do estômago é essencial para a digestão dos alimentos, mas quando entra em contacto com a parede do esófago, que não está preparada para lidar com substâncias tão ácidas, provoca uma sensação de ardor conhecida como azia.

 

Embora possa ser pontual e facilmente tratável, a azia constante ou frequente pode ser um sinal de uma doença mais séria, a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE). Na DRGE, o conteúdo ácido do estômago sobe repetidamente ao esófago, provocando um estado inflamatório na sua parede e uma constante sensação de ardor. Pessoas com refluxo têm um risco aumentado de complicações tais como úlceras ou cancro esofágico.

 

Principais causas da azia

A azia, além de ser uma sensação de ardor, pode manifestar-se através de outros sintomas associados, como um desconforto no peito, muitas vezes confundido com uma dor cardíaca. Quando um paciente vai à urgência com esta dor, fazemos sempre um ECG para excluir um enfarte agudo do miocárdio (EAM – medicinês para ataque cardíaco). 

 

As principais causas da azia são as seguintes:

 

🌶️ Alimentação

Alimentos picantes, fritos, ricos em gorduras, chocolate, café e bebidas gaseificadas relaxar o esfíncter esofágico inferior (EEI), a válvula que separa o estômago do esófago. Em condições normais, esta válvula abre para o conteúdo alimentar entrar no estômago e depois fecha, para não permitir um refluxo. No entanto, alimentos que promovem um relaxamento desta válvula, permitem que o ácido do estômago suba para o esófago e provoque a sensação de azia.

 

🍔 Comidas pesadas

Fazer refeições de grandes quantidades e muito gordurosas ou pesadas, especialmente à noite, aumenta a pressão do estômago, o que facilita o refluxo ácido para o esófago.

 

⚖️ Excesso de Peso e Obesidade

Estas patologias exercem pressão sobre o abdómen, que por sua vez leva ao relaxamento do EEI e ao refluxo ácido para o esófago.

 

😫 Stress

O stress crónico pode piorar a azia, ao aumentar a produção de ácido gástrico. 

 

Existem outras causas não menos importantes como a gravidez, devido aos níveis hormonais e à pressão que o útero em crescimento exerce, o tabaco e o álcool e até mesmo alguns medicamentos como os anti-inflamatórios, que podem afetar tanto o esfíncter como irritar a mucosa do esófago.

Como diagnosticar e tratar a azia?

O diagnóstico da azia exige uma avaliação médica completa baseada na descrição dos sintomas e no histórico clínico do paciente. Quando a azia se torna constante e interfere significativamente na qualidade de vida, pode ser necessário realizar exames complementares, como a endoscopia digestiva alta (sigla EDA). Este exame permite-nos avaliar a gravidade do refluxo gastroesofágico e excluir outras possíveis causas.

 

Opções de tratamento

O tratamento da azia pode variar desde mudanças no estilo de vida até intervenções médicas. A escolha do tratamento é complexa e deve ser personalizada, tendo em conta a gravidade dos sintomas e a presença de complicações. É fundamental que a decisão seja tomada em conjunto com o paciente, assegurando uma abordagem colaborativa e eficaz.

 

Mudanças no Estilo de Vida

A grande base do tratamento da azia reside na adoção de mudanças no estilo de vida, que são recomendadas em todas as fases do tratamento. Estas incluem:

 

  • Hábitos alimentares mais saudáveis: evitar alimentos potenciadores de sintomas, comer porções menores e mais saudáveis;
  • Postura após as refeições: evitar deitar-se logo após as refeições ou inclinar-se para a frente;
  • Perder peso: manter um peso saudável diminuí a pressão no abdómen e consequentemente a azia;
  • Cessação tabágica e redução do álcool: deixar de fumar e limitar o consumo de álcool são medidas importantes para diminuir a intensidade e frequência da azia.

 

Medicação

Em casos onde as mudanças no estilo de vida não são suficientes ou existe uma indicação clara para tal, a medicação pode ser necessária para controlar a produção de ácido e aliviar os sintomas. São exemplos de medicamentos:

  • Inibidores da bomba de protões (IBPs) tais como o omeprazol ou pantoprazol
  • Bloqueadores de H2 como a ranitidina. 

 

 

Prevenir a azia envolve aplicar estratégias de longo prazo. Nas consultas de Medicina do Estilo de Vida são desenvolvidas orientações personalizadas, abordando os vários pilares relacionados com a causa da azia. A adoção de medidas eficazes não só melhora a qualidade de vida dos pacientes, como muitas vezes evita o uso de medicação a longo prazo. 

 

Se a azia tem afetado a sua qualidade de vida, é hora de tomar medidas proativas. Saiba como o posso ajudar a prevenir e tratar a azia ou o refluxo gastroesofágico. 

 

Cansado e sem energia? Saiba se é hipotiroidismo

Sente-se exausto mesmo depois de uma boa noite de sono? Tem dificuldade em manter a energia durante o dia? Estes sintomas são comuns a várias doenças, entre as quais se inclui o hipotiroidismo. Com origem na tiroide, uma pequena glândula em forma de borboleta localizada na parte anterior do nosso pescoço, o hipotiroidismo ocorre quando não existe produção de hormonas suficientes.

 

Este défice hormonal (daí o prefixo hipo-) impacta significativamente o nosso organismo, desde a regulação da temperatura corporal até mesmo à saúde capilar e ao ganho de peso inexplicável. Como os sintomas são idênticos a outras patologias, o hipotiroidismo é frequentemente confundido com burnout ou excesso de stress na rotina, o que atrasa a marcação de uma consulta médica e dificulta o diagnóstico.

 

Neste artigo, vamos explorar as bases desta doença, identificar os seus sintomas e discutir o diagnóstico e tratamento. Além disso, veremos como a Medicina do Estilo de Vida pode complementar o tratamento médico, promovendo uma melhoria significativa na qualidade de vida.

Como é que a tiroide funciona?

A tiroide é uma glândula pequena, mas de extrema importância na regulação do metabolismo do nosso corpo. Localizada na parte anterior do pescoço, a tiroide produz essencialmente duas hormonas: a tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3). Estas hormonas influenciam várias funções vitais do nosso organismo, incluindo a regulação da temperatura do corpo, o ritmo cardíaco, a fertilidade, a taxa metabólica e, consequentemente, o peso corporal. 

 

Além da glândula tiroide, no cérebro, existe um mecanismo de feedback que envolve o hipotálamo e a hipófise. Este mecanismo garante que o corpo mantém níveis estáveis destas hormonas para um ótimo funcionamento do organismo.

 

Normalmente, quando os níveis de T3 e T4 estão baixos, é enviado um sinal ao hipotálamo, que liberta a hormona libertadora de tirotropina (TRH). Por sua vez, a TRH estimula a hipófise a produzir a hormona estimulante da tiroide (TSH) numa tentativa de “forçar” a tiroide a produzir mais T3 e T4. Fascinante, não?

 

Suponho que esteja a perguntar-se o motivo pelo qual existem níveis baixos de T3 e T4 se este sistema de feedback continuo garante o equilíbrio hormonal. A verdade é que nem sempre!

Causas de Hipotiroidismo

O hipotiroidismo pode ter várias origens, sendo a causa mais comum a tiroidite de Hashimoto, também denominada tiroidite autoimune. No entanto, esta patologia pode ser secundária a outras patologias como a toma de determinados medicamentos, a presença de outras doenças da tiroide ou doenças na hipófise, que afetam a produção de TSH.

Tiroidite de Hashimoto

Cerca de 70% dos casos de hipotiroidismo são causados por esta doença autoimune. Especificamente, este mecanismo ocorre quando o nosso sistema imune ataca “por engano” a glândula tiroide, impedindo-a de produzir hormonas suficientes para o correto funcionamento do nosso organismo.

Os “soldados” responsáveis pela destruição das células tiróideas são os anticorpos, mais especificamente os anti-tiroperoxidase (anti-TPO) e anti-tiroglobulina. Estes anticorpos são importantes para estabelecermos o diagnóstico da tiroidite de Hashimoto.

Também, a existência de familiares com doenças autoimunes, bem como o sexo feminino, aumentam consideravelmente o risco de desenvolver hipotiroidismo.

Deficiência de Iodo

Já ouviu falar do iodo? É um mineral essencial à produção das hormonas tiroideias T3 e T4. O défice deste mineral, especialmente devido à ingestão insuficiente na dieta, pode levar ao desenvolvimento de hipotiroidismo. 

Em Portugal, esta causa é rara, pois temos acesso a uma grande variedade de alimentos ricos em iodo como peixe, marisco, laticínios e sal iodado. Uma medida eficaz de saúde pública na população para prevenir défices de iodo na população foi a suplementação de sal com iodo.  

Quais os sintomas de hipotiroidismo?

Reconhecer os sintomas iniciais do hipotiroidismo permite atuar rapidamente e acelerar a recuperação. Identificar a clínica é desafiante, pois os sintomas podem ser facilmente confundidos com outras patologias ou até mesmo com o stress do dia-a-dia. Portanto, esteja atento aos sintomas aqui listados e, em caso de suspeita ou dúvida, consulte o seu médico.

 
😴 Cansaço constante

Mesmo após uma noite bem dormida, pode sentir-se exausto e sem energia. Isso deve-se à lentificação do metabolismo.

 

⚖️ Aumento de peso excessivo

Está a ganhar peso sem uma razão aparente? Pode ser consequência da diminuição das hormonas tiroideias, que devido à desaceleração do metabolismo, acumulam gordura.

 
❄️ Sensibilidade ao frio

Tem sentido mais sensibilidade ao frio que o normal? O desequilíbrio hormonal afeta a capacidade do corpo regular a temperatura e, no caso do hipotiroidismo, os pacientes têm uma maior sensibilidade ao frio.

 
🦱 Pele seca e queda de cabelo

A redução das hormonas tiroideias afeta tanto a saúde da pele como a saúde capilar. Na minha prática clínica, vi várias pacientes com queda acentuada de cabelo que pretendiam realizar um transplante capilar, mas após análise completa dos sintomas, padrão de alopecia e dos fios de cabelo, pedimos análises, tendo sido diagnosticadas com hipotiroidismo.

 
🚽 Obstipação

Com o metabolismo mais lento, o intestino funciona também mais devagar, o que provoca uma obstipação.

Da suspeita ao diagnóstico

Se suspeita de hipotiroidismo, o primeiro passo deverá ser marcar uma consulta médica para uma avaliação clínica abrangente dos seus sintomas, histórico médico e fatores de risco, bem como um exame físico completo.

Existem exames laboratoriais fundamentais para estabelecer o diagnóstico de hipotiroidismo:

  • TSH: A determinação dos níveis de TSH é o teste mais sensível para o diagnóstico de hipotiroidismo. Valores elevados indicam que a tiroide produz menos hormonas que o esperado;
  • T4 Livre: Níveis baixos deste parâmetro, em conjunto com uma elevação da TSH, confirmam o diagnóstico. 
  • Anticorpos Anti-TPO e Anti-Tiroglobulina: Estabelecido o diagnóstico, este teste ajuda a identificar a tiroidite de Hashimoto, uma doença autoimune que é a causa mais frequente de hipotiroidismo.
 

Quando pedir estas análises?

Segundo as diretrizes da DGS, estas análises devem pedidas quando:

  • Existe uma clínica sugestiva
  • Em pacientes com nódulos da tiroide ou submetidos a irradiação cervical
  • Em pacientes que tomam medicação que pode alterar a função da tiroide, tal como a amiodarona, produtos com iodo ou lítio.
  • Crianças com atraso no crescimento;
  • Em situações de anemia inexplicável, doenças autoimunes, irregularidades menstruais, infertilidade, hipercolesterolemia

Tratamento do hipotiroidismo

Podemos diferenciar o hipotiroidismo em primário e secundário e em clínico e subclínico. O início do tratamento do hipotiroidismo depende do tipo e dos valores das hormonas. Por exemplo, no hipotiroidismo subclínico, dependendo do valor de TSH, poderá haver apenas vigilância regular dos níveis, sem haver recurso a medicação. 

Para o hipotiroidismo primário, o tratamento envolve o uso de medicação. O fármaco utilizado na reposição das hormonas tiroideias é a Levotiroxina, uma hormona sintética. Como se trata de uma substância sensível, a dose inicial é meticulosamente calculada e, nas primeiras semanas, é essencial reavaliar a dosagem com base na resposta clínica e nos resultados das novas análises, fazendo ajustes graduais, conforme necessário.

A toma deste medicamento deve ser em jejum, pelo menos 30 minutos antes do pequeno-almoço, para otimizar a sua absorção.

Após estabilizar a dose de Levotiroxina, os níveis de TSH devem ser monitorizados a cada 6 a 12 meses, de modo a garantir uma reposição hormonal eficaz e benéfica para o paciente.

 

💡 Curiosidade: Sabia que deve tomar sempre a mesma marca comercial desta substância? Alterar entre marcas pode ter efeito nos valores de TSH. 

Papel da Medicina do Estilo de Vida

Na gestão do hipotiroidismo, a Medicina do Estilo de Vida adquire um papel relevante no controlo dos níveis hormonais, sendo um excelente complemento ao tratamento médico tradicional. Nomeadamente, a alimentação destaca-se na regulação do equilíbrio hormonal.

 
🥗 Alimentação 

 

Alimentos ricos em Iodo:

 O iodo é um micronutriente essencial na síntese das hormonas da tiroide, a triiodotironina (T3) e a tiroxina (T4). Por isso, a carência deste mineral agrava o hipotiroidismo e tem um grande impacto na nossa saúde. Entre os alimentos ricos em iodo encontram-se:

  • Mariscos e moluscos: ostras, mexilhão, camarão
  • Peixes como a cavala ou o bacalhau
  • Algas marinhas
  • Espirulina
  • Sal iodado

Em Portugal, nem sempre a quantidade de iodo se encontra rotulada, por isso, é importante ter em atenção que a sua alimentação é equilibrada e consegue introduzir na sua dieta produtos naturalmente ricos em iodo, selénio e zinco. O adulto saudável necessita de cerca de 150 microgramas de iodo por dia.

A OMS recomendou como medida de saúde pública a introdução de iodo na forma de sal iodado, para que este micronutriente esteja acessível facilmente a toda a população.

 

Alimentos ricos em selénio e zinco:

Estes micronutrientes estão presentes em alimentos como os laticínios (especialmente o ovo), peixes como o atum ou salmão, sementes como a de abóbora ou a de girassol, aveia, leguminosas (feijões, lentilhas e grão-de-bico) e a castanha brasileira do Pará.

 

Alimentos que poderão afetar negativamente a função da tiroide:

Alguns estudos científicos associam os goitrogénios naturais, presentes em alimentos crus como a couve, os brócolos, soja ou a couve-flor a uma redução da absorção de T4 e consequente agravamento da função da tiroide.

 

 

🏋️  Atividade física

A prática regular de atividade física aumenta o metabolismo, o que leva a um melhor controlo do peso corporal, da diminuição da fadiga e até mesmo regulação do trânsito intestinal. Combinar atividade aeróbica como caminhar ou nadar com treinos de resistência, como levantamento de pesos, tem mostrado benefício na melhoria da qualidade de vida.

Conclusão

O hipotiroidismo é uma doença complexa e multifacetada, na qual o seu diagnóstico deve ser ponderado na presença de determinados sintomas e fatores de risco, de maneira a acelerar o processo e permitir um tratamento mais eficaz. 

 

Além do tratamento médico tradicional com a Levotiroxina, o papel da Medicina do Estilo de Vida é vital. Uma alimentação equilibrada e saudável, rica em iodo, selénio e zinco, juntamente com a prática regular de atividade física são estratégias que promovem a regulação hormonal e melhoram a qualidade de vida. 

 

Os pacientes com hipotiroidismo devem compreender o funcionamento da tiroide e das suas hormonas para poderem participar na toma de decisões clínicas e gerirem melhor esta doença. Sempre que suspeitar desta doença ou na presença de algum sintoma, é importante marcar uma consulta médica para ser avaliado por um especialista. 

 

Cuide de si e da sua saúde!

Ardor ao urinar? Identifique infeções urinárias

O ardor urinário é um sintoma comum e desconfortável que pode indicar a presença de uma infeção do trato urinário (ITU). Estas infeções são muito frequentes e afetam milhões de pessoas, principalmente mulheres, em todo o mundo.

 

Uma infeção urinária pode variar desde uma cistite, ou infeção na bexiga, até uma pielonefrite, que é uma infeção nos rins. Independentemente da localização, as ITUs causam muito desconforto e prejudicam a qualidade de vida das pessoas afetadas. Se não são tratadas adequadamente, podem levar a complicações graves, portanto é essencial reconhecer os seus sintomas e sinais.

 

Neste artigo irá conhecer as causas e fatores de risco para o desenvolvimento de infeções urinárias, bem como os sintomas a que deve estar atento e as diferentes opções terapêuticas.

O que é uma infeção urinária?

As infeções do trato urinário ocorrem quando as bactérias provenientes da flora intestinal entram no trato urinário e causam uma infeção. Estas bactérias, entre as quais se encontra a Escherichia coli, são inofensivas no intestino, mas ao deslocarem-se para outras partes do corpo, podem causar problemas significativos.

 

As ITUs são classificadas segundo a sua localização no sistema urinário:

  • Cistite: Termo médico para infeção da bexiga. São as infeções urinárias mais comuns.
  • Pielonefrite ou infeção nos rins. Ocorre quando as bactérias conseguem migrar até um ou ambos os rins. A pielonefrite causa sintomas mais graves tais como febre alta, tremores, náuseas e/ou vómitos e dor nas costas ou nos flancos.

Quais são as principais causas das infeções urinárias?

As infeções urinárias são consequência da entrada de bactérias “não residentes” na flora genito-urinária. No entanto, existem alguns fatores de risco que aumentam a probabilidade de desenvolver uma ITU:

  • Anatomia feminina: as mulheres têm uma uretra mais curta e próxima do ânus, o que facilita a entrada de bactérias;
  • Atividade sexual
  • Higiene inadequada
  • Uso produtos de higiene íntima: alguns produtos podem irritar a uretra e aumentar o risco de infeção
  • Toma recente de antibióticos

 

Existem também grupos de pessoas mais suscetíveis à propagação das bactérias:

  • Mulheres na menopausa: a diminuição dos estrogénios acaba por fragilizar a parede da vagina e aumentar a sustentabilidade a infeções;
  • Gravidez: o aumento dos níveis de progesterona relaxa os músculos do trato urinário, criando um ambiente mais favorável ao crescimento bacteriano. Também, à medida que o útero cresce, exerce pressão sobre a bexiga e pode causar períodos de estase urináriaou seja, a urina fica mais tempo presa na bexiga.
  • Diabéticos: a urina dos diabéticos tem uma maior concentração de glicose, que serve como nutriente para as bactérias;
  • Idosos: a toma de múltiplas medicações, presença de várias doenças e a dificuldade na mobilidade aumentam o risco de infeção

Porque é que as infeções urinárias são mais frequentes nas mulheres?

Pela anatomia! A anatomia da mulher facilita o desenvolvimento de infeções urinárias — a uretra feminina é mais curta, o que torna o caminho das bactérias até à bexiga mais vantajoso. Nos homens, uma ITU é mais raro e está normalmente associada a problemas de próstata.

Quais os sintomas de infeção urinária?

Os principais sintomas associados à cistite são:

  • Vontade de urinar mais vezes que o habitual e em menor quantidade (polaquiúria);
  • Necessidade urgente em urinar (urgência miccional);
  • Dor ou sensação de ardor ao urinar (disúria);
  • Urina com aspeto turvo ou odor intenso;
  • Dor ou desconforto na parte inferior da barriga (dor suprapúbica);


Suspeito que tenho uma infeção do trato urinário. E agora?

Se suspeita de uma infeção do trato urinário (ITU), deve marcar consulta rapidamente com o seu médico. A avaliação médica é essencial para confirmar a presença de uma infeção e iniciar o tratamento adequado. Segundo as diretrizes da DGS, o diagnóstico das infeções urinárias geralmente envolve:

  • Análise sumária de urina: verifica a presença de leucócitos (glóbulos brancos), nitritos e sangue na urina. Estes indicadores sugerem uma infeção urinária.
  • Urocultura: permite identificar a bactéria causadora da infeção e determinar a sua sensibilidade antibióticos. Útil em casos específicos tais como grávidas, homens, crianças e em indivíduos com ITUs recorrentes;

A maioria das ITUs são causadas pela bactéria Escherichia coli (E.coli), comum no nosso sistema digestivo. Pela proximidade com o ânus, é a mais frequente de se propagar para a uretra.

Existem, porém, outras bactérias que podem provocar a infeção como a Klebsiella pneumoniae, S. saprophyticus ou a Proteus mirabilis. No gráfico abaixo, baseado em dados estatísticos de 2015 em Portugal, observamos a prevalência das bactérias mais comuns responsáveis pelas infeções urinárias.

A E. coli representa a bactéria mais comum das ITUs, representando 75% das infeções urinárias em Portugal. Em 2º lugar, com 15% encontra-se a Klebsiella pneumoniae.

Como tratar uma infeção urinária?

O tratamento de uma infeção urinária depende da gravidade dos sintomas, localização e do tipo de bactéria envolvida. Uma vez comprovada a infeção, o seu médico irá prescrever-lhe o antibiótico mais adequado ao tipo de bactéria mais comum no meio onde vive e aos seus antecedentes patológicos.

Alguns antibióticos de primeira linha para a cistite não complicada são a nitrofurantoína, a fosfomicina, o cotrimoxazol.

Associado ao antibiótico, podem ser prescritos, em alguns casos, medicamentos que aliviam o desconforto urinário, a sensação de ardor e urgência miccional.

Nunca esquecer que uma excelente hidratação é essencial no tratamento das ITUs. 

Prevenção

As mudanças no estilo de vida são importantes na prevenção das infeções urinárias e na diminuição da sua recorrência. Aqui estão algumas práticas detalhadas que podem melhorar a sua qualidade de vida.

Hidratação Adequada

Manter-se hidratado é das formas mais simples e eficazes de prevenir as ITUs e diminuir a sua recorrência. Beber muita água ajuda a diluir a urina e promove micções mais frequentes, o que ajuda a eliminar as bactérias do trato urinário.

  • Quantidade de água: depende de cada organismo, já que as necessidades individuais variam segundo a atividade física, clima e determinadas condições de saúde;
  • Outras bebidas: pode incluir chás sem açúcar, sem cafeína ou outros estimulantes.

Boas Práticas na Higiene Íntima

Uma medida crucial para evitar infeções urinárias. Após urinar, as mulheres devem-se sempre limpar da frente para trás, para evitar a transferência de bactérias do ânus para a uretra. Também deve evitar o uso de produtos de higiene íntima irritantes, tais como spray perfumados e sabonetes agressivos. Opte poro produtos suaves, sem fragrâncias.

Alimentação Adequada

Uma alimentação saudável e equilibrada fortalece o sistema imunológico. Algumas recomendações a nível dietético incluem o consumo alimentos ricos em fibra, como frutas, vegetais e grãos integrais, que promovem a saúde digestiva.

Suplementação

A toma de suplementos não trata infeções urinárias, mas pode prevenir o seu aparecimento e a melhorar a saúde do trato urinário:

  • Arando vermelho: devido à presença de protocianinas, que impedem as bactérias de se fixem à parede da bexiga. Existe em várias fórmulas – comprimido, cápsulas, bebível.
  • Vitamina C: pode acidificar a urina e consequentemente dificultar o crescimento bacteriano.
  • Probióticos: quando administrados em doses corretas podem conferir benefícios a nível intestinal e do trato urinário. Aconselhe-se do tipo de probióticos mais adequado para si.

Roupa confortável

Também a composição da roupa pode influenciar na saúde do trato urinário. Deve priorizar roupas interiores de algodão para a área genital respirar melhor e evitar a acumulação de humidade. Também, roupas mais apertadas, podem causas fricção e irritação e ser um meio potencial para a proliferação de bactérias, por isso, opte por roupas soltas e confortáveis.

Conclusão

O ardor urinário é um sintoma comum e desconfortável que pode indicar a presença de uma infeção urinária (ITU). Estas infeções são muito frequentes, principalmente nas mulheres e podem afetar a sua qualidade de vida.

 

Entre as bactérias mais comuns está a E. coli, que se transmite da flora intestinal para o trato urinário. O tratamento baseia-se na toma de antibióticos, cuja escolha depende de vários fatores. 

 

Existem algumas medidas preventivas eficazes na diminuição da incidência das infeções urinárias, nomeadamente uma excelente hidratação, boas práticas de higiene, uma dieta saudável e, em alguns casos, suplementação.

 

Se suspeita de uma infeção urinária, marque uma consulta médica para um diagnóstico, tratamento e acompanhamento adequados.

DPOC: Como o tabaco destrói os seus pulmões

Sabia que o tabaco é uma das principais causas evitáveis de morte a nível mundial? Os efeitos nocivos do tabaco no sistema respiratório estão bem documentados e continuam a ser um tema central na promoção da saúde pública. Fumar é um fator de risco importante no desenvolvimento de doenças cardiovasculares, AVCs, cancro de pulmão, cancro orofaríngeo, entre outros. Além disso, o tabaco também provoca determinadas doenças respiratórias tais como a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC).

 

Segundo dados estatísticos de 2019, aproximadamente 14% da população portuguesa com 15 ou mais anos fumavam diariamente. No gráfico abaixo, retirado da base de dados da OECD, podem consultar as diferentes percentagens entre diversos países. Embora as taxas de tabaco estejam em declínio, talvez pela aposta nas campanhas de prevenção tabágica e pelo aumento da consciencialização dos riscos associados, ainda há um longo caminho para percorrer.

 

Neste artigo, exploramos o impacto do tabaco nos pulmões com a história do João, um paciente com um nome fictício da minha prática clínica. O João é um homem de 54 anos e começou a fumar aos 14 anos — segundo ele, por “pressão de grupo”. Nos últimos 15 anos, desenvolveu uma tosse persistente, com “algum catarro, mas mais pela manhã”, à qual já “está habituado”. Veio à minha consulta médica por queixas cada vez mais frequentes de “dificuldade a respirar” quando sobe escadas ou faz atividades mais intensas.

 

Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC): O que é e como aparece?

Imagine os seus pulmões como balões. Quando inspira, faz força com os músculos torácicos e os balões enchem-se de ar. Quando expira, os músculos relaxam e o ar saí passivamente. Outro conceito importante a reter é a existência de alvéolos, que são pequenas estruturas nos pulmões, onde ocorre a troca de oxigénio e dióxido de carbono com o sangue.

 

Efeitos do Tabaco nos Pulmões

Quando se fuma, os produtos químicos nocivos do cigarro são inalados e afetam os pulmões de diferentes maneiras:

  • Bronquite crónica: as vias respiratórias (os tubos que levam o ar que respiramos aos pulmões) ficam inflamadas e produzem muito muco. Os tubos acabam por ficar cada vez mais estreitos, o que, por um lado, dificulta a passagem do ar e, por outro, faz com que as pessoas façam mais esforço para respirar. Já reparou que pessoas com bronquite crónica tossem muito e têm muita expetoração?
  • Enfisema: As paredes dos alvéolos começam a romper-se e destruir-se. Isto diminui a área disponível para haver troca de gases, o que torna mais difícil a respiração. Se nos lembrarmos do João, reparamos que ele começou a ter cada vez mais dificuldade em realizar atividades porque tinha falta de ar.

 

Este vídeo demonstra a anatomia dos pulmões, com a traqueia, os brônquios, bem como a sua posição no corpo humano.

 

Fatores de Risco

Tal como referimos anteriormente, a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) é uma patologia respiratória grave provocada maioritariamente pelo fumo do tabaco. No entanto, uma minoria dos casos são provocados pela inalação prolongada a poluentes ambientais ou até mesmo pela exposição laboral a determinadas poeiras, produtos químicos ou fumos. Por exemplo, trabalhadores que manipulam fumo de lenha ou carvão estão mais vulneráveis.

Durante a consulta, questionei o João sobre a quantidade de cigarros fumados. Além de ser fumador de longa data, fuma cerca de 1 maço por dia. No seu emprego atual, faz pausas frequentes para fumar. Também verifiquei que tem as vacinas obrigatórias em dia. Nunca teve contacto com poluentes ambientais ou químicos.

 

O número de cigarros fumados afeta o risco de desenvolver DPOC?

A resposta é: SIM! Vários estudos comprovaram a associação entre o número de cigarros fumados com o risco de desenvolver DPOC. Esta relação é conhecida como dose-efeito: quanto maior o número de cigarros fumados e por um maior período de tempo, maior é o risco de danificar os pulmões e provocar uma doença pulmonar obstrutiva crónica.

 

Como avaliar a presença desta doença?

Quando os médicos, baseando-se na história clínica e nos sintomas, suspeitam da presença da DPOC, solicitam testes confirmatórios para obter um diagnóstico mais preciso. Os principais métodos de avaliação incluem:

  • Provas da Função Respiratória: Estes testes são fundamentais para diagnosticar a doença e avaliar a sua gravidade. Dentro destas provas inclui-se a espirometria, a prova de débito-volume, a avaliação da força muscular e a medição da capacidade de difusão (DLCO). Concomitantemente à espirometria, realiza-se também o teste da reversibilidade com broncodilatadores, que permite diferenciar a DPOC de outras patologias como a asma.
  • Radiografia de Tórax: Pode ajudar a excluir outras doenças respiratórias ou identificar sinais de DPOC avançada;
  • TC de Alta Resolução (TCAR): Pode detetar alterações pulmonares como o enfisema ou outras alterações das vias áreas. É útil em casos mais complexos ou quando existem resultados inconclusivos.

O diagnóstico da DPOC é resultado da avaliação integral e personalizada de cada indivíduo pelo seu médico. Os métodos de avaliação permitem um diagnóstico mais preciso e ajudam a orientar o tratamento mais adequado.

Na consulta foram pedidas análises, um raio-x do tórax e provas funcionais respiratórias (PFR). A radiografia não mostrou alterações significativas e as PFR confirmaram a presença de uma obstrução irreversível ao fluxo de ar.

 

O que esperar da evolução da DPOC?

A doença pulmonar obstrutiva crónica é uma patologia crónica progressiva, ou seja, com o tempo, os sintomas e a gravidade tendem a piorar. Além da tosse persistente e da falta de ar, os indivíduos com DPOC podem experienciar:

  • Sibilos Respiratórios (assobios” ao respirar) — Inicialmente, estes sons podem ser audíveis apenas com o uso do estetoscópio, mas à medida que a doença avança, podem-se notar na respiração normal;
  • Sensação de aperto no peito — Uma maior pressão e dificuldade para respirar, frequentemente descrita como um aperto ou pressão no peito;
  • Infeções respiratórias frequentes — Maior suscetibilidade a gripes, constipações e pneumonias devido à diminuição da capacidade do sistema imunológico de combater infeções;
  • Fatiga — A sensação constante de cansaço pode ser resultado da dificuldade respiratória e do esforço adicional necessário para realizar atividades do dia-a-dia.

 

Medidas terapêuticas na DPOC

Apesar da progressão desta doença, existem várias medidas e tratamentos que podem ajudar a atrasar o agravamento da doença e melhorar a qualidade de vida dos indivíduos afetados:

 

🛑 Cessação Tabágica

Parar de fumar é a medida mais eficaz para atrasar a progressão da DPOC. Existem programas e consultas de cessação tabágica disponíveis no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e em várias instituições privadas. Estes programas oferecem um acompanhamento multidisciplinar, incluindo médicos, enfermeiros e psicólogos, para apoiar os indivíduos no processo de deixar de fumar.

Algumas pessoas podem necessitar de terapêutica de substituição de nicotina, cuja função é ajudar a reduzir os sintomas de abstinência e a substituir a necessidade de tabaco. Entre os produtos de venda livre, o Nicorette é bastante conhecido e utilizado. Casos que necessitam de intervenção farmacológica, existem medicamentos comparticipados como o bupropiom e a vareniclina. O recurso a medicação deve ser sempre avaliado e supervisionado pelo seu médico, que determinará consigo qual a abordagem mais adequada para si.

A combinação de apoio comportamental e terapias de substituição da nicotina pode aumentar significativamente as taxas de sucesso na cessação tabágica, melhorando a saúde pulmonar e a qualidade de vida dos pacientes com DPOC.

Para todos aqueles que não querem aumentar o risco de doenças pulmonares (e não só!), previna-se e não comece a fumar. A prevenção é a melhor estratégia para evitar os potenciais danos causados pelo tabaco.

 

💉 Vacinação

Está comprovado que a vacinação anual contra o vírus da gripe e da Covid-19, bem como a vacina contra o pneumococo, responsável por pneumonias, é eficaz na estabilização da DPOC. Estas vacinas ajudam a prevenir infeções respiratórias graves que podem desencadear exacerbações da DPOC e, consequentemente, hospitalizações.

 

🫁 Medicação e Reabilitação Pulmonar

O uso de broncodilatadores e glucocorticoides inalatórios é fundamental para aliviar os sintomas da DPOC e prevenir exacerbações. A escolha da medicação deve ser baseada na gravidade da doença, na história de exacerbações ou internamentos, bem como na presença de sintomas.

  • Broncodilatadores: Relaxam os músculos ao redor das vias aéreas, facilitando a respiração. Pode ser de curta ou de longa ação.
  • Glucocorticoides inalatórios: Ajudam a reduzir a inflamação das vias aéreas.

A escolha da combinação de medicamentos ou o recurso a medicação deve ser personalizada e ajustada consoante a resposta do paciente ao tratamento. Consulte o seu médico para definirem uma estratégia terapêutica adequada.

Além do tratamento farmacológico, existem também programas de reabilitação pulmonar, compostos por exercícios supervisionados por profissionais de saúde, com o objetivo de melhorar a capacidade de exercício, a resistência e qualidade de vida. O fortalecimento muscular melhora a eficiência respiratória.

 

🌬️ Oxigenoterapia

A suplementação com oxigénio, ou oxigenoterapia, tem indicações muito específicas e pode ser necessária em alguns casos mais avançados de DPOC.

O uso de oxigénio deve ser sempre orientado pelo médico.

O João mostrou-se motivado para mudar. Sabe que a DPOC é uma doença crónica e não tem cura, mas pode minimizar ao máximo os seus sintomas, exacerbações e progressão. Iniciou terapia de substituição da nicotina e recebeu apoio comportamental para manter a motivação e evitar fumar. Foram também administradas a vacina da gripe, a vacina contra o pneumococo e a dose de reforço contra a COVID-19.

Nas consultas de reavaliação estruturamos pequenas mudanças no dia-a-dia do João a nível nutricional e da atividade física. Após 6 meses sentia-se melhor, perdeu peso pelas medidas positivas que conseguiu implementar no seu quotidiano.

 

A importância da cessação tabágica

A doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) é uma patologia pulmonar grave e debilitante, maioritariamente causada pelo tabaco. Não fumar ou parar de fumar é a medida mais eficaz para prevenir ou atrasar a progressão da DPOC e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

As campanhas de prevenção e consciencialização continuam a ser fundamentais para diminuir a incidência do tabagismo e as consequências irreversíveis que o tabaco provoca no nosso organismo e pulmões.

O exemplo do João mostra-nos que é possível viver uma vida mais saudável e ativa, mesmo com o diagnóstico da doença. Associar uma alimentação equilibrada, baixa em produtos pro-inflamatórios, a prática de atividade física regular e adequada às necessidades e patologias de cada indivíduo e acompanhamento médico regular, são os pilares essenciais para a gestão eficaz desta doença.

Para além de melhorar a função pulmonar, essas medidas contribuem para o bem-estar geral e qualidade de vida dos pacientes com DPOC.

 

Websites & Contactos de interesse

Saúde Preventiva: Conheça os Rastreios Médicos Fundamentais

Os rastreios médicos são essenciais para a prevenção de doenças e a manutenção de um corpo e mente saudáveis. A prevenção inclui a identificação de doenças antes que os sintomas se manifestem, possibilitando tratamentos mais precoces e aumentado as probabilidades de tratamento e eventual cura. Em Portugal existem um conjunto de diretrizes da DGS em concordância com outras entidades internacionais, que orientam a comunidade médica e a população geral sobre os rastreios mais importantes para as diferentes faixas etárias e grupos de risco.

Neste artigo, apresentamos os principais rastreios recomendados em Portugal para a população geral, incluindo a sua periodicidade e os métodos utilizados. Importante referir que grupos de risco ou com antecedentes familiares e/ou patológicos de relevo podem ter timings diferentes para os rastreios. É importante consultar o seu médico de família para uma análise personalizada dos rastreios que deverá fazer.

 

Rastreio do Cancro de Mama

 

População-alvo: Mulheres 50+ anos até 69 anos

Método: Mamografia — segue a classificação BIRADS

Periodicidade: Se resultado BIRADS 1 ou 2 (ou seja, não existe suspeitas de alto risco), deverá repetir a mamografia a cada 2 anos

 

A mamografia é um exame fundamental para a deteção precoce do cancro de mama, permitindo identificar tumores de pequenas dimensões que ainda não são palpáveis. Esta deteção precoce salva vidas!

 

Atualização das diretrizes dos EUA: Este mês, os EUA atualizaram as guidelines para o rastreio do cancro de mama, recomendando o início mais cedo — aos 40 anos (em vez dos 50) até aos 74 anos. Esta mudança deve-se ao aumento significativo do número de casos de cancro em mulheres na faixa dos 40 anos.

 

Rastreio do Cancro do Colo do Útero

 

População-alvo: Mulheres 25+ até aos 60 anos

Método: Citologia vaginal (comummente designado por papanicolau) com pesquisa do DNA do HPV

Periodicidade: Se ambos os exames forem negativos, a cada 5 anos.

 

O vírus do papiloma humano, ou HPV, possuí várias estirpes, sendo que algumas, tais como o HPV 16 e 18, apresentam maior risco de desenvolver cancro do colo do útero. Como medida preventiva, a vacinação contra o HPV foi inserida no Plano Nacional de Vacinação, abrangendo tanto raparigas como rapazes, já que os homens podem ser portadores e transmissores do vírus. Esta vacina é fundamental para reduzir a incidência de infeções por HPV e diminuir o risco de evolução para lesões pré-cancerígenas.

 

Rastreio do Cancro Colo-retal

 

População-alvo: Homens e Mulheres 50+ anos até aos 74 anos

Método: Teste da pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSOF), com 2 amostras de fezes

Periodicidade: Se negativo, a cada 2 anos

 

Caso o teste resulte positivo, o paciente deve ser submetido a exames mais invasivos, como a colonoscopia. A colonoscopia, normalmente realizada sob sedação, tem como objetivo a deteção de pólipos e identificar precocemente o cancro colo-retal. Este procedimento permite a visualização direta do interior do cólon e do reto, possibilitando também a remoção de pólipos.

 

Rastreio do Cancro da Cavidade Oral

 

População-alvo: Homens fumadores, 40+ anos e com hábitos alcoólicos

Método: Observação da cavidade oral

Periodicidade: A cada 2 anos

 

É um rastreio muito útil e realizado por médicos através da observação direta da boca e das estruturas que a compõem.

 

Rastreio do Cancro de Próstata

 

População-alvo: Homens 50+ anos até aos 75 anos

Método: Análises sanguíneas com determinação da PSA

Periodicidade: A cada 2 anos

 

Este rastreio suscita mais controvérsia na comunidade médica. A decisão de realizar este rastreio deve ser tomada em conjunto pelo médico e pelo paciente, sendo essencial que o paciente esteja informado sobre o possível sobrediagnóstico associado à determinação da PSA. Muitas vezes, valores elevados de PSA não estão associados com cancro ou hiperplasia prostática (aumento benigno da próstata, HBP). Fatores como uma infeção da próstata, ejaculação recente e até mesmo atividades que envolvam contacto com os genitais masculinos, como andar de bicicleta antes do exame podem aumentar os níveis de PSA, resultando em falsos positivos. Portanto, é importante discutir os benefícios e limitações desde rastreio para tomar uma decisão informada.

 

Rastreio da Diabetes

 

População-alvo: Adultos 45+ ou mais jovens com fatores de risco

Método: Análises ao sangue com determinação da glicemia em jejum e Hemoglobina A1c

Periodicidade: Se resultado normal, a cada 3 anos

 

Alguns dos fatores de risco para a diabetes incluem o excesso de peso, perímetro abdominal maior a 94 cm no homem e maior a 80 cm na mulher, sedentarismo, doenças cardíacas, entre outros. Pacientes já diagnosticados com diabetes têm indicação para realizar rastreios adicionais, como o teste da retinopatia diabética e a consulta do pé diabético, para identificar precocemente complicações frequentes e severas da diabetes.

 

Rastreio da Hipertensão

População-alvo: 18+ anos

Método: Medição da pressão arterial

Periodicidade: Anualmente

 

Tal como a diabetes, a hipertensão é, muitas vezes, silenciosas. Medir a pressão arterial regularmente ajuda na deteção precoce desta doença, prevenindo doenças cardiovasculares como enfartes, AVCs e tromboses.

 

Rastreio do Colesterol

 

População-alvo: Homens 40+ anos e mulheres 50+ anos, ou mais jovens caso existam fatores de risco

Método: Análises ao sangue com determinação do perfil lipídico (colesterol total, LDL, HDL, triglicéridos)

Periodicidade: Se resultados normais, a cada 5 anos

 

Este rastreio permite diminuir a incidência de doenças cardíacas e vasculares, diminuindo assim a mortalidade por estas doenças.

 

Rastreio da Osteoporose

 

População-alvo: Adultos 65+ anos, ou mais jovens com fatores de risco

Método: Densitometria óssea

Periodicidade:

 

A partir dos 50 anos, homens e mulheres devem realizar no seu médico de família uma avaliação do risco de desenvolverem uma fratura osteoporótica a 10 anos, utilizando a ferramenta FRAX-Port. Esta ferramenta calcula o risco com base em vários fatores clínicos. Dependendo do resultado, os pacientes são classificados conforme o grau de risco e, se considerado necessário, pode ser recomendada a realização de uma densitometria óssea para uma avaliação mais detalhada da saúde óssea. Casos com maior risco têm de imediato indicação para iniciar tratamento.

 

Rastreio do Aneurisma da Aorta Abdominal

 

População-alvo: Homens, fumadores ou ex-fumadores, entre os 65 e os 75 anos

Método: Eco-Doppler Abdominal

Periodicidade: Se normal, não há necessidade de repetir o exame

 

O aneurisma da aorta abdominal é uma doença grave e mais prevalente em fumadores do sexo masculino maiores de 65 anos. O rastreio baseia-se numa ecografia abdominal com doppler para observação da artéria aorta.

 

 

Previna-se e cuide da sua saúde

 

Os rastreios médicos são uma ferramenta poderosa na promoção da saúde e prevenção de doenças. Manter-se informado e comunicar ativamente com o seu médico pode fazer uma grande diferença na sua saúde e bem-estar a longo prazo. Tal como referi anteriormente, os dados apresentados neste artigo dependem de vários fatores e os critérios de inclusão de cada rastreio alteram-se consoante a idade, antecedentes patológicos e/ou familiares, bem como a presença de fatores de risco. Para discutir os rastreios mais adequados para si deverá sempre marcar consulta médica.

Lembre-se, a prevenção salva vidas!

 

Hipertensão e risco de doenças cardiovasculares: O que precisa de saber

A hipertensão, popularmente conhecida como pressão ou tensão arterial alta, é uma das doenças crónicas mais prevalentes a nível mundial. É definida como um aumento persistente e excessivo da pressão do sangue contra as paredes das artérias. A sua presença pode causar sérios problemas de saúde cardiovasculares tais como enfartes, AVCs e tromboses. Também poderá haver afetação de outros órgãos como é o exemplo dos rins, provocando uma insuficiência renal.

Neste artigo, investigaremos a relação entre hipertensão e o risco de doenças cardíacas e vasculares. Além disso, discutiremos os principais fatores de risco, bem como medidas de prevenção e tratamento.

O que é a pressão arterial?

O sangue quando passa pelas paredes das artérias do corpo exerce uma determinada força ou pressão. Existem dois tipos de pressões:

  • Pressão arterial sistólica: é a pressão máxima que o sangue atinge quando o coração bate (contração);
  • Pressão arterial diastólica: é a pressão mínima que o sangue atinge quando o coração relaxa entre batimentos (dilatação)

Valores de referência

A Sociedade Europeia de Hipertensão atualizou as diretrizes para a abordagem da hipertensão em 2023, estabelecendo novos parâmetros para a classificação desta doença. A nova classificação incluí 7 categorias (listo as mais relevantes), com valores específicos para a pressão arterial sistólica e diastólica:

Categoria Pressão Arterial Sistólica (PAS)
mmHg
  Pressão Arterial Diastólica (PAD)
mmHg
Normal 120-129 e 80-84
Normal-Alta 130-139 e/ou 85-89
Hipertensão grau 1 140-159 e/ou 90-99
Hipertensão grau 2 160-179 e/ou 100-109
Hipertensão grau 3 ≥ 180 e/ou ≥110
Conheça os valores de referência para uma pressão arterial normal, bem como os valores de hipertensão arterial.

Além da avaliação da pressão arterial, que normalmente deve ser medida em várias ocasiões para entender o valor médio, os profissionais de saúde também consideram a presença (ou ausência) de outras doenças, história médica prévia, bem como a história familiar.

Como é que a hipertensão aumenta o risco de doenças cardiovasculares?

A hipertensão danifica as artérias e aumenta o risco de diversas doenças:

  • Endurecimento e estreitamento das artérias: ao longo do tempo, a pressão sanguínea elevada torna as artérias mais rígidas e estreitas, dificultando a circulação do sangue para o coração e outros órgãos. Isto pode levar ao desenvolvimento da doença arterial coronária (DAC), a qual é a principal causa de enfartes na atualidade.
  • Danos na parede arterial: as artérias tornam-se mais suscetíveis à formação de placas de ateroma. Quando estas placas se rompem, bloqueiam o fluxo sanguíneo e podem causar enfartes ou AVCs.
  • Aumento do trabalho do coração: como as artérias estão mais rígidas, o coração precisa de trabalhar mais para conseguir bombear o sangue a pressões mais altas. Isto provoca um aumento do tamanho do coração (hipertrofia ventricular) e o consequente enfraquecimento do músculo cardíaco, que a longo prazo, leva a doenças como a insuficiência cardíaca.

Quais são os sintomas de hipertensão?

Os sintomas da hipertensão muitas vezes não são percetíveis, razão pela qual é conhecida como uma doença “silenciosa”. No entanto, quando presentes, podem incluir dores de cabeça, falta de ar, tonturas, dor no peito, palpitações do coração e até sangramento nasal. No entanto, estes sintomas geralmente não ocorrem até que a pressão arterial atinja um nível perigosamente alto ou que a hipertensão cause danos a órgãos como o coração e os rins.

Como posso controlar a hipertensão?

Primeiramente, é necessário compreender o que causa a hipertensão e quais são os fatores que aumentam a probabilidade de sofrer desta doença. Só assim é possível implementar mudanças no seu dia-a-dia que podem ajudar a controlar a pressão arterial. Vamos a isso?

A hipertensão pode ser dividida em primária ou secundária. A hipertensão primária é a mais comum e é aquela que se desenvolve ao longo do tempo e está frequentemente associada ao estilo de vida.

Por outro lado, a hipertensão secundária depende de doenças subjacentes, como a síndrome da apneia obstrutiva do sono, doença renal, feocromocitoma, doenças da tiroide, gravidez, entre muitas outras. Muitas vezes, este tipo de hipertensão pode ser controlada e até mesmo revertida tratando a causa subjacente.

Fatores de Risco

Existem vários fatores de risco modificáveis que aumentam o risco de desenvolver hipertensão. A Medicina Preventiva e do Estilo de Vida tem a capacidade de atuar nos seguintes fatores de risco:

  • Excesso de peso e obesidade;
  • Falta de atividade física regular;
  • Alimentação rica em sal, gorduras saturadas e comidas processadas;
  • Tabaco e consumo excessivo de álcool
  • Colesterol alto (= hipercolesterolemia ou dislipidemia)
  • Diabetes

Prevenção e Mudanças do Estilo de Vida

Boas notícias! A hipertensão pode ser prevenida através de mudanças no seu estilo de vida. Aqui estão algumas estratégias para implementar:

  • Mantenha um peso saudável: nem sempre é uma tarefa fácil, especialmente no contexto de algumas doenças como a síndrome do ovário poliquístico ou menopausa, que dificultam a gestão de peso. Além disso, profissões exigentes podem limitar o tempo disponível para a prática de exercício físico e promover o consumo de comidas rápidas e processadas, geralmente ricas em calorias. No entanto, é importante lembrar que com o devido acompanhamento profissional especializado e a obtenção de informação de confiança, é possível implementar estratégias eficazes para emagrecer e atingir metas de peso corporal saudáveis.
  • Adote uma alimentação saudável: uma dieta equilibrada e rica em frutas, legumes, grãos integrais e proteínas magras pode fazer uma grande diferença na sua saúde cardiovascular. Evite alimentos ricos em sal, gorduras saturadas e comidas processadas. Lembre-se, o seu prato deve ser colorido e diversificado!
  • Pratique atividade física regular: O exercício regular é um dos pilares da prevenção da hipertensão. Não só ajuda a manter um peso saudável, como também fortalece o coração, melhora a circulação e ajuda a reduzir o stress. Tente incluir pelo menos 30 minutos de atividade física moderada na sua rotina diária.
  • Limite o consumo de álcool: O consumo excessivo de álcool pode aumentar a sua pressão arterial e também levar ao ganho de peso. Tente evitar ou, caso seja difícil, limitar o consumo de álcool a um nível moderado (1 copo nas mulheres e 2 copos no homem).
  • Controlo do stress crónico: O stress a longo prazo pode contribuir para a hipertensão. Procure estratégias eficazes para gerir o stress, como técnicas de relaxamento, meditação, yoga ou qualquer atividade que ache relaxante e que lhe dê prazer.

Com que frequência devo fazer exames cardíacos se tenho pressão arterial alta?

Quando a causa da hipertensão ainda está a ser investigada, faz parte da avaliação inicial realizar uma série de exames para entendermos melhor a causa. Estes exames podem incluir, mas não estão limitados a, alguns dos seguintes:

  • Análises ao sangue: normalmente inclui um hemograma completo, determinação da função renal e hepática, perfil lipídico, a glicemia em jejum e a HbA1c, e o TSH. São importantes para entender a saúde atual do paciente e identificar possíveis fatores subjacentes que possam estar a contribuir para a hipertensão.
  • ECG: Um eletrocardiograma é uma ferramenta valiosa para descartar a presença de arritmias e determinar se existe hipertrofia cardíaca. A hipertrofia cardíaca é um alargamento do coração que pode ser um sinal de pressão arterial alta ou de outras condições cardíacas.
  • Ecocardiograma: Este exame ajuda o médico a obter uma visão interna do coração, permitindo-lhe ver o tamanho, a forma, e como o coração está a funcionar. É especialmente útil para identificar problemas estruturais do coração que possam estar relacionados com a hipertensão.

Qual o melhor tratamento para a hipertensão?

O tratamento mais adequado para um dado paciente depende de uma variedade de fatores individuais e deve ser sempre o resultado de uma decisão partilhada entre o médico e o paciente, tendo em consideração a sua individualidade.

Como primeira linha de tratamento, devem ser sempre implementadas mudanças no estilo de vida. Tais mudanças podem incluir a adoção de uma dieta saudável, a prática regular de atividade física, a limitação do consumo de álcool, entre outras. No entanto, por vezes, mesmo com essas alterações, a pressão arterial do paciente pode não estar suficientemente controlada.

Nessas situações e seguindo as diretrizes médicas atualmente em vigor, o seu médico poderá indicar o tratamento medicamentoso mais adequado para a sua situação específica. Juntos, médico e paciente podem então discutir e estabelecer um plano terapêutico personalizado, que atenda às necessidades e expectativas do paciente, ao mesmo tempo que maximiza a eficácia do tratamento.

Se tem valores de tensão arterial elevados ou necessita de acompanhamento médico personalizado, deverá marcar uma consulta com um médico, de maneira a estudar o seu caso e adequar um tratamento anti-hipertensor.

5 Pequenos-Almoços Fáceis e Saudáveis

Para começar o dia com energia e disposição não deve faltar um pequeno-almoço saudável e nutricionalmente equilibrado. Não é preciso despender muito tempo para dar um boost nutricional ao seu prato de pequeno-almoço.

Neste artigo damos-lhe algumas sugestões de pequenos-almoços saudáveis e fáceis de preparar. Não só o ajuda a começar o dia com nutrientes essenciais para o correto funcionamento do corpo, como também lhe proporciona energia para enfrentar o dia com qualidade e boa disposição.

Iogurte Natural com Arroz “Puff”

Ingredientes:

  • 1 copo de iogurte natural
  • 3 colheres de sopa de arroz “puff”
  • 1 punhado de fruta variada à descrição: frutos vermelhos, banana, maça, manga, pêssego
  • 4 nozes pecan (pode adicionar qualquer outro fruto seco, ou semente)
  • 1 colher de chá de mel

Numa taça coloque o iogurte natural. Adicione o arroz “puff” e os restantes elementos. Regue com mel.

Sabia que…

  • O iogurte natural é uma excelente fonte de probióticos, que promovem uma flora intestinal saudável
  • Frutas como os morangos, framboesas e mirtilos são ricos em antioxidantes e vitamina C.
  • O mel é um adoçante natural

Tosta de pão escuro com abacate e ovos mexidos

Ingredientes:

  • 1 a 2 fatias de pão escuro
  • 1/2 abacate maduro
  • 2 ovos
  • Sal e pimenta a gosto
  • Frutos vermelhos a acompanhar

Torre a fatia de pão. Esmague o abacate com o garfo e espalhe sobre o pão. Numa frigideira antiaderente, mexa os ovos até ficarem cremosos. Coloque os ovos mexidos sobre o abacate. Tempere com sal e pimenta. Sirva com uma porção de frutos vermelhos a gosto.

Sabia que…

  • O pão escuro, tal como o pão de centeio ou integral, é rico em fibras, promovendo a saciedade
  • O abacate é uma fonte de gorduras monoinsaturadas benéfica para o coração
  • Os ovos são uma excelente fonte de proteínas completas e vitamina D

Panquecas de aveia

Ingredientes:

  • 1 Chávena de flocos de aveia
  • 1 Chávena de leite (utilizo vegetal)
  • 1 ovo
  • 1 banana madura
  • 1 colher de chá de fermento em pó

Num liquidificador misture todos os ingredientes até obter uma massa homogénea. Aqueça uma frigideira antiaderente e coloque pequenas porções da massa, formando panquecas. Cozinhe até aparecerem bolhas na superfície e vire. Sirva com frutas frescas da época e regue com um fio de mel (opcional).

Sabia que…

  • A aveia é uma excelente fonte de fibras, ajudando a regular o trânsito intestinal
  • A banana adiciona doçura natural e potássio, essencial para a função muscular
  • O leite e ovo fornecem proteínas e cálcio, importantes para a saúde óssea

Tomatada com tosta de ovo cozido e abacate

Ingredientes:

  • 1 Fatia de pão integral
  • 1 ovo cozido
  • 1/2 abacate
  • 1 tomate
  • 1/2 pepino
  • Sal e pimenta q.b.
  • 1/2 Limão & coentros q.b. (opcional)

Torre a fatia de pão. Coza o ovo até obter a consistência pretendida. Fatie o ovo cozido e o abacate, colocando-os sobre o pão. Tempere com sal e pimenta. Prepare uma salada simples de tomate e pepino cortados aos cubos, temperada com azeite e 1 pitada de sal. Pode regar com umas gotas de limão e adicionar coentros para mais sabor.

Smoothie Verde

Ingredientes:

  • 1 chávena de espinafres frescos
  • 1 banana madura
  • 1/2 manga
  • 1 chávena de água de coco
  • 1 colher de sopa de sementes de chia

No liquidificador, colocar todos os ingredientes e bater até obter uma mistura homogénea. Sirva de imediato.

Sabia que…

  • Os espinafres são ricos em ferro e vitamina K.
  • A banana e a manga adicionam doçura natural e fornecem fibras e vitaminas
  • A água de coco é hidratante e rica em eletrólitos
  • As sementes de chia são uma boa fonte de ácidos gordos e ómega-3

Reflexões sobre a importância de começar bem o dia

Incorporar um pequeno-almoço saudável e equilibrados na sua rotina diária pode ter um impacto significativo na prevenção de doenças e na sua saúde em geral. Começar o dia com uma refeição nutritiva ajuda a estabilizar os níveis de energia, melhora a concentração e promove uma digestão saudável. As receitas que partilhei acima são exemplos simples de como se pode garantir uma alimentação rica em nutrientes logo pela manhã, sem comprometer o sabor ou necessitar de muito tempo de preparação.

É essencial variar as frutas de acordo com a estação do ano, diversificar as sementes e frutos secos para aumentar o valor nutricional do seu pequeno-almoço. A diversidade é a chave!

Para orientações personalizadas às suas necessidades, deverá contactar um médico ou nutricionista.

Sumo de Laranja e Diabetes: Existe uma relação?

A diabetes é uma doença que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, e a sua prevalência aumenta a cada ano. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a diabetes foi responsável por 1,5 milhões de mortes em 2019, sendo que 48% dessas mortes ocorreram antes dos 70 anos. Apesar da taxa de mortalidade associada a esta doença ter diminuído em Portugal, ainda é significativa. Por isso, é essencial compreender a doença e como a podemos prevenir. Neste artigo vamos dar-lhe a conhecer as bases científicas da diabetes, explicar como o que comemos (ou bebemos) pode influenciar o curso da doença e quais as suas consequências a curto–e longo-prazo. Para tal, apresento-vos o caso clínico do “Sr. Barbosa”, um nome fictício de um exemplo real.

 

 

O que é a Diabetes?

 

A diabetes, frequentemente referida como “a doença silenciosa”, é uma condição crónica que reduz ou impede a capacidade do corpo de utilizar a glicose, o principal tipo de açúcar no sangue, para obter energia. No centro deste problema está o pâncreas, um órgão vital que produz insulina, a hormona responsável para garantir o correto metabolismo da glicose. Quando a insulina se encontra em falta ou se torna ineficaz, a glicose acumula-se no sangue, criando um desequilíbrio prejudicial que leva ao desenvolvimento da diabetes. Essa disfunção metabólica, se não for tratada e rigorosamente monitorizada e controlada, pode desencadear uma série de complicações graves, danificando os vasos sanguíneos, nervos, rins, olhos e até mesmo o coração.

 

Tipos de Diabetes

 

Existem dois tipos principais de diabetes:

 

  • Diabetes Mellitus Tipo 1: De origem autoimune, o sistema imunológico ataca e destrói as células beta no pâncreas, responsáveis pela produção de insulina. A falta absoluta de insulina leva a níveis elevados de glicose no sangue;
  • Diabetes Mellitus Tipo 2: Caraterizado pela resistência à insulina pelo corpo ou pela produção insuficiente de insulina. Este tipo de doença é o mais comum e está frequentemente associado a fatores de risco modificáveis, como a obesidade, sedentarismo e má alimentação. É aqui que a medicina preventiva pode atuar eficazmente.

 

A diabetes não controlada pode levar a várias complicações graves em diversos órgãos do corpo:

  • Doenças cardiovasculares: aumenta o risco de doenças cardíacas como a doença coronária e enfartes, hipertensão, AVCs e tromboses.
  • Doenças renais, levando à insuficiência renal.
  • Afetação dos nervos (Neuropatia diabética): em estados mais avançados, pode haver perda de sensibilidade, formigueiro e dor principalmente dos pés. É por este motivo que os doentes diabéticos realizam frequentemente a consulta do pé diabético, com um/a enfermeiro/a especializado.
  • Afetação ocular (Retinopatia diabética), que pode conduzir à perda de visão.
  • Amputações, principalmente dos pés. Isto ocorre em casos limite.

A deteção precoce, o controlo adequado dos níveis de glicose no sangue e ter um estilo de vida saudável são medidas essenciais para prevenir estas complicações.

 

Como se diagnostica a diabetes?

 

A diabetes nem sempre se apresenta com sintomas óbvios, mas existem alguns sinais que nos podem ajudar a identificar a presença desta doença. Perante uma suspeita de diabetes, é fundamental procurar ajuda médica. Através de uma análise individualizada e exames específicos, poderá obter um diagnóstico e discutir com o seu médico um plano de tratamento.

Sabia que existe uma calculadora oficial do risco de desenvolver diabetes tipo 2 através do portal do SNS 24? Já calculou o seu risco?

 

Sintomas de Diabetes

 

Nesta secção descrevemos os sintomas típicos desta doença crónica. No entanto, alguns destes sintomas não são específicos, podendo estar presentes noutras doenças.

  • Urinar com mais frequência, especialmente à noite;
  • Sede excessiva, levando a um aumento da ingestão de líquidos e à presença de boca seca.
  • Perda de peso inexplicável
  • Fadiga e falta de energias, mesmo após descansar
  • Visão turva
  • Cicatrização lenta de feridas abertas.

 

Lembra-se do Sr. Barbosa? Conseguimos identificar alguns sintomas que nos fazem suspeitar de diabetes, tais como o cansaço extremo e a sede incontrolável. De seguida, discutimos os seus hábitos alimentares e estilo de vida. Não costuma ir ao médico, as últimas análises foram há 5 anos e já indicavam um estado pré-diabético. No entanto, ele decidiu não “fazer mais nada”. Diz fazer pouco exercício físico. A nível alimentar refere comer ao pequeno-almoço uma tosta com doce de morango e bebe 1 litro de sumo de laranja natural diariamente.

 

 

Exames diagnósticos

 

O primeiro passo na investigação da diabetes são as análises ao sangue. Valores como a glicose em jejum ou a Hemoglobina A1c confirmam o diagnóstico. No entanto, um único resultado anormal pode não ser suficiente para estabelecer o diagnóstico e pode ser necessário repetir as análises em 2 semanas. Na tabela abaixo encontra os valores de referência para a glicose em jejum e HbA1c.

Em algumas situações, como quando a glicemia em jejum está próxima do limite superior dos valores normais, pode ser útil a realização de um teste de tolerância à glicose (PTOG). Este teste avalia a resposta do organismo ao açúcar através da medição dos níveis de glicose no sangue em diferentes momentos: em jejum, 1 hora e 2 horas após a ingestão da glicose.

O Sr. Barbosa realizou exames de sangue que confirmaram o diagnóstico de diabetes tipo 2. Preocupado, o Sr. Barbosa quis saber mais sobre esta doença e como tratá-la. Juntos, criámos um plano de ação para diminuir os valores de glicose e de HbA1c. Em primeiro, decidimos referenciá-lo para uma avaliação oftalmológica e uma consulta do pé diabético. Posteriormente, enviei-lhe orientações alimentares e de atividade física personalizadas aos seus gostos e atividade profissional e familiar.

 

Alterações do Estilo de Vida: O pilar na gestão da Diabetes

 

A diabetes tipo 2 está frequentemente associada a fatores de risco modificáveis tais como a obesidade, o sedentarismo e a má alimentação. Adotar um estilo de vida saudável ajuda a prevenir ou atrasar o desenvolvimento da doença.

 

Alimentação Saudável

Uma dieta nutritiva e equilibrada é vital para controlar os níveis de glicose no sangue. Priorize alimentos ricos em nutrientes essenciais, com pouco teor de gorduras saturadas e pouco açúcar. Dê ênfase aos alimentos frescos, legumes e vegetais, bem como a proteínas magras. Também, diminuir o consumo de alimentos processados e bebidas açucaradas pode baixar o risco de diabetes.

 

Ao dar preferência aos alimentos com baixo índice glicémico, ajuda o organismo a dirigir e absorver mais lentamente os nutrientes e diminui consequentemente os níveis de açúcar no sangue após as refeições. Queremos manter os níveis estáveis de glicose e evitar picos bruscos.

 

Lembre-se, uma alimentação saudável não é uma alimentação restritiva. Explore vários ingredientes e métodos de preparação. Familiarize-se com novos sabores!

 

O Sr. Barbosa aprendeu os básicos da alimentação na diabetes e saber quais os alimentos com menor índice glicémico ajudam-no a tomar decisões em prol da sua saúde. Apercebeu-se que o sumo de laranja natural bebido diariamente não é tão saudável como achava e agora bebe água que aromatiza com ervas aromáticas e fruta. A nutrição será um dos seus maiores aliados nesta jornada.

 

Atividade física regular

A prática regular de atividade física é outro componente essencial. É tão simples como caminhar 30 minutos diariamente — Reduz os níveis de açúcar (e colesterol!) no sangue, mantém um peso saudável e melhora o humor. A OMS recomenda 150 minutos semanais de atividade física moderada.

 

Controlo de Peso

A obesidade e sobrepeso são fatores de risco significativos para o desenvolvimento de diabetes. Quando o corpo tem mais gordura, precisa de mais insulina para regular os níveis de glicose do sangue. Com o tempo, este aumento da demanda de insulina leva ao “burnout” do pâncreas. Eventualmente, o pâncreas não irá mais conseguir produzir insulina e os níveis de glicose aumentam. Isto é a diabetes!

 

Foi também comprovado que a gordura ao redor da cintura é especialmente preocupante. As células na região abdominal produzem moléculas pró-inflamatórias que contribuem para a resistência à insulina.

 

Um perímetro abdominal superior a 94 cm no homem ou 80 cm na mulher em conjunto com um IMC maior que 25 pode levar a um aumento do risco de desenvolver diabetes.

 

Gestão do Stress

Controlar os níveis de stress crónico pode ajudar a manter a estabilidade dos níveis de glicose no sangue e o bem-estar geral. A prática de técnicas de relaxamento como o yoga, a respiração e a meditação são algumas sugestões com benefício para muitos utentes.

 

Medicação hipoglicemiante

A indústria farmacêutica fez avanços significativos ao longo dos anos, tendo sido desenvolvidos uma série de medicamentos para o controlo glicémico na diabetes. Nem sempre é necessário iniciar medicação e em determinados casos é possível controlar a doença apenas com mudanças do estilo de vida.

 

No entanto, muitos utentes necessitam e, cabe ao seu médico, após colher toda a sua informação clínica, estabelecer objetivos, personalizar o tratamento hipoglicemiante mais adequado e reavaliar frequentemente a adesão terapêutica.

 

Desvendar a diabetes e caminhar para uma vida mais saudável

A Diabetes, embora silenciosa, não precisa de ser uma sentença de sofrimento crónico. Através da informação científica, consciencialização e adoção de um estilo de vida saudável, podemos prevenir, retardar a doença e/ou as suas complicações e, em algumas situações, até mesmo reduzir a quantidade de medicação.

 

O caso do Sr. Barbosa serve como lembrete de que nunca é tarde para tomar as rédeas da sua saúde.

 

Pontos-chave para recordar

  • A diabetes é uma doença crónica que afeta a capacidade do corpo de utilizar a glicose como fonte de energia;
  • A diabetes tipo 2 é a mais comum e está frequentemente associada a fatores de risco modificáveis com a obesidade, sedentarismo e má alimentação;
  • A deteção precoce e controlo rigoroso da glicemia são essenciais para prevenir complicações graves;
  • Adotar um estilo de vida saudável, incluindo uma alimentação equilibrada, atividade física regular e controlo do stress é fundamental. Em alguns casos, sob orientação médica, pode ser necessária a associação de medicamentos hipoglicemiantes.

Dicas para o dia-a-dia

  • Consulte o seu médico regularmente para acompanhamento e avaliação ;
  • Realize exames de rastreio, quando recomendados;
  • Monitorize os níveis de glicose no sangue;
  • Participe em grupos de apoio ou programas de educação em diabetes
  • Mantenha-se informado sobre as últimas diretrizes no tratamento e gestão da diabetes.

Lembre-se que não está sozinho. Com o apoio e recursos certos, poderá viver uma vida plena e mais saudável.

6 Dicas para baixar o seu colesterol naturalmente

O colesterol é um elemento essencial no nosso corpo e é principalmente produzido pelo nosso fígado. É um componente vital para as membranas celulares, a proteção nervosa e a produção hormonal. Sabia que apenas 10 a 30% do colesterol provém da nossa dieta? Quando se trata de colesterol, é essencial distinguir entre os diferentes tipos e compreender o seu impacto na nossa saúde para sabermos como podemos diminuir os efeitos negativos do colesterol.

Compreender os diferentes tipos de colesterol

  • HDL (lipoproteína de alta densidade) ou colesterol bom 😇: O HDL ajuda a transportar o colesterol dos vasos sanguíneos e tecidos para o fígado, onde são removidos do nosso corpo. Segundo as diretrizes da Sociedade Europeia de Cardiologia de 2019, não existem metas específicas para os níveis de HDL, mas valores mais elevados podem ser úteis na melhoria do risco cardiovascular. O cut-off recomendado é geralmente um valor acima de 40 mg/dL para homens e acima de 50 mg/dL para mulheres. A atividade física regular e uma dieta rica em frutas, vegetais e gorduras saudáveis podem ajudar a aumentar os níveis de HDL;
  • LDL (lipoproteína de baixa densidade) ou colesterol mau 👿: O LDL recolhe o colesterol do fígado e transporta-o para os vasos sanguíneos, contribuindo para a formação de placas. Quando os níveis de LDL estão altos, podem provocar a chamada aterosclerose. Nesta situação, depósitos de gordura acumulam-se e endurecem as artérias, aumentando o risco de doenças cardiovasculares (DCV) tais como ataques cardíacos e AVCs. Dietas ricas em gorduras saturadas e alimentos ricos em colesterol podem aumentar estes níveis.

 

É por isso que o LDL é, normalmente, o nosso alvo de tratamento, e dependendo do risco cardiovascular individualizado, definimos como meta atingir diferentes níveis para o LDL:

  • Indivíduos com baixo risco: abaixo de 116 mg/dL (<3 mmol/L);
  • Indivíduos com risco moderado: abaixo de 100 mg/dL (<2,6 mmol/L);
  • Indivíduos com risco elevado: abaixo de 70 mg/dL (<1,8 mmol/L);

 

Devemos estar conscientes de outros níveis relevantes como os triglicéridos (TG), cujos valores devem ser inferiores a 150 mg/dL. Estes níveis estão geralmente associados à inatividade, tabagismo ou consumo excessivo de álcool e dietas ricas em hidratos de carbono.

 

Quando os níveis totais de colesterol ou LDL estão persistentemente altos, podemos estabelecer o diagnóstico de hipercolesterolemia ou dislipidemia. Estas condições são fatores de risco importantes para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, a principal causa de mortalidade em Portugal e no mundo.

6 Dicas para diminuir naturalmente os seus níveis de colesterol

🥦 Adote uma Dieta Saudável para o Coração

Consumir alimentos ricos em vegetais, legumes, verduras e frutas pode impactar positivamente o risco de doenças cardiovasculares. Ao escolher produtos, esteja atento aos rótulos: prefira gorduras poli-insaturadas como ómega-3 existente em peixes gordos (salmão, sardinhas, cavala). Nozes, sementes, bem como cereais integrais, são também opções fantásticas para adicionar à sua dieta. Reduza o consumo de carnes processadas, produtos com altas taxas de carbohidratos refinados e sal. Prefira azeite virgem extra em vez de manteiga ou outros óleos. Quanto aos tipos de cozedura, opte por alimentos grelhados, cozidos ou a vapor.

 

🏊🏾‍♀️ Pratique Exercício Físico Regularmente

 

🫗 Reduza o Consumo de Álcool e Tabaco

O álcool é metabolizado no fígado que é um órgão essencial na manutenção do colesterol. Limitar o consumo de álcool pode ajudar a reduzir não apenas o peso corporal, mas também os níveis de triglicéridos e colesterol. Se o fígado está estragado” pelos efeitos nocivos do álcool, significa que este órgão não funciona tão bem como devia e por isso acaba por acumular substâncias como o colesterol.

Também o tabaco pode impactar significativamente os níveis de HDL e a saúde do seu coração. Seguramente está familiarizado com os efeitos do tabaco nos pulmões, mas sabia que o tabaco afeta praticamente todos os órgãos do nosso corpo? Aqui incluí-se o fígado e consequentemente o colesterol mau. Evite fumar. Existem consultas de cessação tabágica para o ajudar a largar esse vício. Tudo começa por si!

 

🫘 Aumente o Consumo de Fibra Alimentar

Consumir mais fibra alimentar, especialmente fibra solúvel, é recomendado para reduzir o LDL e melhorar os níveis glicémicos. O beta-glucano é um tipo de fibra solúvel disponível em grãos de aveia e cevada, que pode ser benéfico na dislipidemia. Geralmente, um adulto deve consumir entre 25 a 40g de fibra por dia. Além dos efeitos sobre o colesterol, a fibra é importante para o bom funcionamento do intestino e para a manutenção da microbiota intestinal.

 

🎯 Controlo do Peso

A diminuição de peso pode baixar significativamente os níveis de LDL e triglicéridos bem como aumentar os níveis de HDL. Este efeito é mais notório em indivíduos com excesso de peso e obesidade. Manter um peso saudável permite prevenir mais eficazmente doenças cardiovasculares e outras doenças crónicas. O controlo de peso exige uma abordagem holística e multidisciplinar. A construção de hábitos alimentares saudáveis, que sejam exequíveis tanto a curto como a longo prazo, à prática de atividade física regular, personalizada às várias etapas de vida e aos gostos de cada um, potencia a perda de peso.

 

🪢 Conecte-se!

Uma conversa de café, caminhadas em grupo ou um jantar de amigos, ou vizinhos é mais beneficial que o que pensa! Alguns estudos relevam que a conexão social pode influenciar a saúde cardiovascular, tendo identificado a solidão e isolamento social como fatores de risco potenciais para doenças cardíacas coronárias e AVCs.

Principalmente em países como os EUA são muito frequentes os grupos de apoio. Sabia que a partilha de experiências e como cada pessoa supera determinado problema potencia resultados e acaba por prevenir certas doenças? Não subestime a conexão social — os bons relacionamentos impactam positivamente a sua saúde e deverá mantê-los.

Conclusão

Para baixar os níveis de colesterol mau é necessário intervir em várias áreas como a nutrição, através da aquisição de hábitos alimentares saudáveis, a prática de atividade física regular e estimular relacionamentos positivos. A diminuição dos níveis de colesterol ajudam a prevenir várias doenças crónicas como a dislipidemia, a doença coronária e a hipertensão arterial.

 

É importante manter um risco cardiovascular baixo. Este risco depende de vários parâmetros, alguns não modificáveis como os antecedentes familiares de doenças cardíacas, mas outros tais como o controlo do colesterol ou os hábitos tabágicos estão ao seu alcance. Para calcular o risco cardiovascular de cada indivíduo, os médicos utilizam na sua prática diária scores oficiais baseados nas diretrizes europeias (e estado-unienses) das sociedades de cardiologia. Estas avaliações determinam a conduta mais adequada no que diz respeito ao tratamento e permite-nos estabelecer conjuntamente com cada paciente metas exequíveis.

 

Dependendo da avaliação integral de cada indivíduo, pode ser necessário associar às intervenções do estilo de vida, medicação, de modo a prevenir o aparecimento de doenças cardiovasculares. Lembre-se de ser consistente e consultar o seu médico para avaliar a sua saúde e desenvolver um plano de saúde personalizado a si e às suas necessidades.