A hipertensão, popularmente conhecida como pressão ou tensão arterial alta, é uma das doenças crónicas mais prevalentes a nível mundial. É definida como um aumento persistente e excessivo da pressão do sangue contra as paredes das artérias. A sua presença pode causar sérios problemas de saúde cardiovasculares tais como enfartes, AVCs e tromboses. Também poderá haver afetação de outros órgãos como é o exemplo dos rins, provocando uma insuficiência renal.
Neste artigo, investigaremos a relação entre hipertensão e o risco de doenças cardíacas e vasculares. Além disso, discutiremos os principais fatores de risco, bem como medidas de prevenção e tratamento.
O que é a pressão arterial?
O sangue quando passa pelas paredes das artérias do corpo exerce uma determinada força ou pressão. Existem dois tipos de pressões:
- Pressão arterial sistólica: é a pressão máxima que o sangue atinge quando o coração bate (contração);
- Pressão arterial diastólica: é a pressão mínima que o sangue atinge quando o coração relaxa entre batimentos (dilatação)
Valores de referência
A Sociedade Europeia de Hipertensão atualizou as diretrizes para a abordagem da hipertensão em 2023, estabelecendo novos parâmetros para a classificação desta doença. A nova classificação incluí 7 categorias (listo as mais relevantes), com valores específicos para a pressão arterial sistólica e diastólica:
Categoria | Pressão Arterial Sistólica (PAS) mmHg |
Pressão Arterial Diastólica (PAD) mmHg |
|
---|---|---|---|
Normal | 120-129 | e | 80-84 |
Normal-Alta | 130-139 | e/ou | 85-89 |
Hipertensão grau 1 | 140-159 | e/ou | 90-99 |
Hipertensão grau 2 | 160-179 | e/ou | 100-109 |
Hipertensão grau 3 | ≥ 180 | e/ou | ≥110 |
Além da avaliação da pressão arterial, que normalmente deve ser medida em várias ocasiões para entender o valor médio, os profissionais de saúde também consideram a presença (ou ausência) de outras doenças, história médica prévia, bem como a história familiar.
Como é que a hipertensão aumenta o risco de doenças cardiovasculares?
A hipertensão danifica as artérias e aumenta o risco de diversas doenças:
- Endurecimento e estreitamento das artérias: ao longo do tempo, a pressão sanguínea elevada torna as artérias mais rígidas e estreitas, dificultando a circulação do sangue para o coração e outros órgãos. Isto pode levar ao desenvolvimento da doença arterial coronária (DAC), a qual é a principal causa de enfartes na atualidade.
- Danos na parede arterial: as artérias tornam-se mais suscetíveis à formação de placas de ateroma. Quando estas placas se rompem, bloqueiam o fluxo sanguíneo e podem causar enfartes ou AVCs.
- Aumento do trabalho do coração: como as artérias estão mais rígidas, o coração precisa de trabalhar mais para conseguir bombear o sangue a pressões mais altas. Isto provoca um aumento do tamanho do coração (hipertrofia ventricular) e o consequente enfraquecimento do músculo cardíaco, que a longo prazo, leva a doenças como a insuficiência cardíaca.
Quais são os sintomas de hipertensão?
Os sintomas da hipertensão muitas vezes não são percetíveis, razão pela qual é conhecida como uma doença “silenciosa”. No entanto, quando presentes, podem incluir dores de cabeça, falta de ar, tonturas, dor no peito, palpitações do coração e até sangramento nasal. No entanto, estes sintomas geralmente não ocorrem até que a pressão arterial atinja um nível perigosamente alto ou que a hipertensão cause danos a órgãos como o coração e os rins.
Como posso controlar a hipertensão?
Primeiramente, é necessário compreender o que causa a hipertensão e quais são os fatores que aumentam a probabilidade de sofrer desta doença. Só assim é possível implementar mudanças no seu dia-a-dia que podem ajudar a controlar a pressão arterial. Vamos a isso?
A hipertensão pode ser dividida em primária ou secundária. A hipertensão primária é a mais comum e é aquela que se desenvolve ao longo do tempo e está frequentemente associada ao estilo de vida.
Por outro lado, a hipertensão secundária depende de doenças subjacentes, como a síndrome da apneia obstrutiva do sono, doença renal, feocromocitoma, doenças da tiroide, gravidez, entre muitas outras. Muitas vezes, este tipo de hipertensão pode ser controlada e até mesmo revertida tratando a causa subjacente.
Fatores de Risco
Existem vários fatores de risco modificáveis que aumentam o risco de desenvolver hipertensão. A Medicina Preventiva e do Estilo de Vida tem a capacidade de atuar nos seguintes fatores de risco:
- Excesso de peso e obesidade;
- Falta de atividade física regular;
- Alimentação rica em sal, gorduras saturadas e comidas processadas;
- Tabaco e consumo excessivo de álcool
- Colesterol alto (= hipercolesterolemia ou dislipidemia)
- Diabetes
Prevenção e Mudanças do Estilo de Vida
Boas notícias! A hipertensão pode ser prevenida através de mudanças no seu estilo de vida. Aqui estão algumas estratégias para implementar:
- Mantenha um peso saudável: nem sempre é uma tarefa fácil, especialmente no contexto de algumas doenças como a síndrome do ovário poliquístico ou menopausa, que dificultam a gestão de peso. Além disso, profissões exigentes podem limitar o tempo disponível para a prática de exercício físico e promover o consumo de comidas rápidas e processadas, geralmente ricas em calorias. No entanto, é importante lembrar que com o devido acompanhamento profissional especializado e a obtenção de informação de confiança, é possível implementar estratégias eficazes para emagrecer e atingir metas de peso corporal saudáveis.
- Adote uma alimentação saudável: uma dieta equilibrada e rica em frutas, legumes, grãos integrais e proteínas magras pode fazer uma grande diferença na sua saúde cardiovascular. Evite alimentos ricos em sal, gorduras saturadas e comidas processadas. Lembre-se, o seu prato deve ser colorido e diversificado!
- Pratique atividade física regular: O exercício regular é um dos pilares da prevenção da hipertensão. Não só ajuda a manter um peso saudável, como também fortalece o coração, melhora a circulação e ajuda a reduzir o stress. Tente incluir pelo menos 30 minutos de atividade física moderada na sua rotina diária.
- Limite o consumo de álcool: O consumo excessivo de álcool pode aumentar a sua pressão arterial e também levar ao ganho de peso. Tente evitar ou, caso seja difícil, limitar o consumo de álcool a um nível moderado (1 copo nas mulheres e 2 copos no homem).
- Controlo do stress crónico: O stress a longo prazo pode contribuir para a hipertensão. Procure estratégias eficazes para gerir o stress, como técnicas de relaxamento, meditação, yoga ou qualquer atividade que ache relaxante e que lhe dê prazer.
Com que frequência devo fazer exames cardíacos se tenho pressão arterial alta?
Quando a causa da hipertensão ainda está a ser investigada, faz parte da avaliação inicial realizar uma série de exames para entendermos melhor a causa. Estes exames podem incluir, mas não estão limitados a, alguns dos seguintes:
- Análises ao sangue: normalmente inclui um hemograma completo, determinação da função renal e hepática, perfil lipídico, a glicemia em jejum e a HbA1c, e o TSH. São importantes para entender a saúde atual do paciente e identificar possíveis fatores subjacentes que possam estar a contribuir para a hipertensão.
- ECG: Um eletrocardiograma é uma ferramenta valiosa para descartar a presença de arritmias e determinar se existe hipertrofia cardíaca. A hipertrofia cardíaca é um alargamento do coração que pode ser um sinal de pressão arterial alta ou de outras condições cardíacas.
- Ecocardiograma: Este exame ajuda o médico a obter uma visão interna do coração, permitindo-lhe ver o tamanho, a forma, e como o coração está a funcionar. É especialmente útil para identificar problemas estruturais do coração que possam estar relacionados com a hipertensão.
Qual o melhor tratamento para a hipertensão?
O tratamento mais adequado para um dado paciente depende de uma variedade de fatores individuais e deve ser sempre o resultado de uma decisão partilhada entre o médico e o paciente, tendo em consideração a sua individualidade.
Como primeira linha de tratamento, devem ser sempre implementadas mudanças no estilo de vida. Tais mudanças podem incluir a adoção de uma dieta saudável, a prática regular de atividade física, a limitação do consumo de álcool, entre outras. No entanto, por vezes, mesmo com essas alterações, a pressão arterial do paciente pode não estar suficientemente controlada.
Nessas situações e seguindo as diretrizes médicas atualmente em vigor, o seu médico poderá indicar o tratamento medicamentoso mais adequado para a sua situação específica. Juntos, médico e paciente podem então discutir e estabelecer um plano terapêutico personalizado, que atenda às necessidades e expectativas do paciente, ao mesmo tempo que maximiza a eficácia do tratamento.
Se tem valores de tensão arterial elevados ou necessita de acompanhamento médico personalizado, deverá marcar uma consulta com um médico, de maneira a estudar o seu caso e adequar um tratamento anti-hipertensor.